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23 fevereiro 2018

CAVALO DE PAU

A busca e o desejo de se manter no poder não têm limites. No momento vigente no Brasil vai mais além. Um novo mandato para o atual presidente evitaria que ele fosse investigado pelas revelações feitas por Joesley Batista em sua delação. Sem  proteção do foro privilegiado, sua situação não seria a das melhores. Poderia, inclusive, fazer companhia a um de seus antecessores.

Após perder o jogo travado no Congresso pela reforma da previdência, Temer foi ao encontro da agenda de outro candidato à presidência da República que tem subido nas pesquisas de opinião, cujo tema central tem sido a segurança pública.

Dando um "cavalo de pau" em sua agenda, optou por decretar a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro e criar o Ministério Extraordinário da Segurança Pública.

Tais medidas visando aumentar o seu cacife nas eleições marcadas para outubro, cuja intenções de voto, registrada pelo Datafolha, em janeiro último, não ultrapassaram um humilhante 1% e, durante o carnaval, teve a sua imagem associada a um vampiro, compondo o enredo de uma escola de samba cujo tema foi a corrupção no País.

Que as FFAA e outras pessoas do bem possam superar os conchavos dessa manobra política, a politicagem desse processo, e trazerem um pouco de paz para as famílias cariocas, fluminenses e brasileiras.



17 fevereiro 2018

A METÁSTASE BRASILEIRA

O Rio de Janeiro foi diagnosticado como portador de um câncer em estágio de metástase. Quem o diagnosticou foi, nada mais, nada menos, o atual presidente da República.

A doença, entretanto, é muito mais ampla e se estende por todo o País, esqueceu o presidente, ao anunciar a intervenção federal na área de segurança do estado do Rio de Janeiro. Todos os demais brasileiros sabem disso.

Todos os brasileiros sabem também que essa metástase tem origem no tumor primário existente, há décadas, no Palácio do Planalto e ramificado, em todos os níveis, e em todas as esferas do poder público, por todo o Estado brasileiro.

A doença se propagou, principalmente, pela ausência do Estado nos diversos setores que lhes são obrigatórios a prestar um serviço público de qualidade à população do País, a começar pela educação. Os demais setores são também muito conhecidos: saúde e segurança.

O primeiro deles, educação, é o mais importante. Só através dela é que se formam CIDADÃOS, com letras maiúsculas mesmo. 

Como essa não tem sido a opção do Palácio do Planalto, resta-lhe, neste momento, cuidar de suas consequências. Cuidar dos alunos das escolas do crime que se multiplicaram pelo País afora.

E não foi por falta de aviso. Em 1982, o ilustre Darcy Ribeiro cravou seu prognóstico que se tornou realidade. Disse Darcy: "Se os governantes não construirem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios".

Contribuíram para essa doença, além da ausência do Estado, dois outros fatores. A má gestão pública e a corrupção. 

No primeiro fator, é notório o desperdício do dinheiro público, quer seja ele empregado de forma ilegal e incorreta (vide licitações e contratos superfaturados), quer seja por meio de benefícios legais, mas indecentes, como ocorrem através da concessão de privilégios à determinados ocupantes de carreiras do Estado.

Por fim, permeando tudo isso, instalou-se no País, em escala alarmante, a corrupção e com ela o envolvimento de mais um segmento da sociedade, o setor privado.

Na corrupção, os dois participantes, o setor público e o setor privado, constituem um outro perfil de delinquentes, os denominados criminosos de colarinho-branco, apesar de muitos deles terem passados pelos bancos escolares, alguns em até escolas destacadas do primeiro mundo.

O resultado da ação permanente de todos esses criminosos não poderia ser diferente daquela de por o Brasil em estágio de doença terminal.

Torna-se, portanto, necessária e urgente, a aplicação de uma forte "dose de quimioterapia" para curar - expulsar os responsáveis que provocaram - essa metástase brasileira.

11 fevereiro 2018

ESTAMOS PRECISANDO DE LÍDERES PARA O FUTURO. ONDE ELES ESTÃO ?

"Não foi o Lula que se desviou, foi o poder que o desviou. O poder é maléfico, o poder é oportunista, não é compatível com grandes projetos de nação, projetos intelectuais etc. Foi uma pena, uma grande perda para o Brasil", diz o sociólogo José de Souza Martins, professor emérito de sociologia da USP, em sua longa entrevista ao UOL. Recomendo a sua leitura. É uma entrevista bastante rica, nos dá uma boa aula sobre o Brasil.

Porém, com todo o respeito ao ilustre professor, discordamos  de sua afirmação com relação ao Lula. Quanto ao poder, a sua definição foi precisa.

Nesse sentido, não há dúvida de que o poder chegou com mais do que seus centavos para atrair Lula para os seus salões.

Entretanto, ter chegado e ficado nesses salões, foi uma opção exclusiva do Lula para alcançar o seu sonho de chegar e ficar no poder. E neles chegando não quis mais deixá-los.

Lula entendeu isso quando perdeu a sua terceira eleição, em 1998. Preparou-se para a de 2002. Adentrou aos salões com a "Carta ao Povo Brasileiro" e após conversas com lideranças políticas do PMDB, do PFL e do PL, que lhe falaram os seus preços para os respectivos apoios.

Politicamente, o professor ainda diz que "a esquerda brasileira é muito deficiente de formação teórica. E a direita é maliciosa, voraz e incompetente, também não vai levar ninguém a lugar nenhum ....  e que o Brasil tem que aprender a reconhecer a importância democrática da alternância de poder. Nós não temos isso".

Concordo com o professor. O resultado está ai: retornamos para o grupo de economias de baixo crescimento, aprofundamos ainda mais nossa posição periférica e continuamos reféns do sistema financeiro.

A instabilidade política agrava e prolonga as perdas econômicas, pois não há plano de investimentos e programa de Estado que resistam a tal desordem.

Embora o Brasil de hoje seja consequência do Brasil de ontem, o País perdeu um tempo precioso, notadamente após a sua redemocratização, e será dramático se continuarmos assim.

Estamos precisando de líderes para o futuro.

Onde eles estão ?

04 fevereiro 2018

ABANDONEMOS A VELHA POLÍTICA

As eleições estão se aproximando. Daqui a oito meses o eleitor estará comparecendo a sua seção eleitoral para cumprir o seu dever cívico de escolher os seus representantes nas casas legislativas e os executivos que irão conduzir o País e os estados da Federação, pelos próximos anos.

Lá, os eleitores irão encontrar, antes de adentrarem às seções, as listas com os nomes dos candidatos nos quais poderão votar. A escolha, novamente, não será uma tarefa fácil, pois os nomes que lá constarão não foram escolhidos por eles - os eleitores, como já dissemos aqui em "SOMOS REFÉNS".

Possivelmente, é mais provável que nessas listas não constem nomes de estadistas. Há uma enorme carência de caráter na maioria dos políticos brasileiros.

Caráter é uma das exigências que deve estar presente em um estadista, nos termos utilizados por Ulysses Guimarães, no IV Mandamento de seu Decálogo. Nele está escrito:

Caráter: "o estadista tem a posição de suas idéias, e não as idéias de sua posição. Não é um oportunista, que se serve da política, em lugar de servi-la, o que só pensa nas eleições futuras e não no futuro do País. Político de caráter, é fiel - às idéias, não à carreira. Pode perder o poder, o governo, a liberdade, mas não renega as idéias, não perde a vergonha".

Muito bem. E que nomes iremos encontrar nas referidas listas? O que já se comprova na sociedade é um mal-estar eleitoral. Partidos e políticos não têm oferecido alternativas convincentes e motivadoras para votarmos com uma certa tranquilidade nas eleições de outubro.

A Operação Lava-Jato e outras que estão em curso, revelaram, e ainda revelam, para a sociedade que o financiamento da política e o enriquecimento pessoal dos nelas envolvidos foram feitos por meio do desvios ilegais de recursos, que deveriam ter ido para a prestação de serviços de qualidade, obrigatórios do Estado: educação, saúde, segurança, mobilidade, etc.

Portanto, bem ao contrário do desejado pelos eleitores, o que se constata, diariamente, é que o mandamento de Ulysses está em falta na política e no governo. Demagogia, corrupção, fisiologia, e patrimonialismo escancarados permanecem inalterados.

As manobras e discursos vindos à publico, até então, das mais diversas tendências, mais oportunistas do que detentoras de ideais, indicam que esse cenário não será alterado.

O mal-estar não irá ser desfeito. Não teremos estadistas para neles votarmos.

Ou abandonamos a velha política, ou as mazelas que atormentam a vida do cidadão e o nosso subdesenvolvimento continuarão existindo.

02 fevereiro 2018

BRASÍLIA - PLANO PILOTO - UMA CIDADE PARQUE


Na fotografia abaixo, áreas residenciais de Brasília - Plano Piloto. Obra genial do urbanista Lúcio Costa. Infelizmente, suas idéias não foram reproduzidas em outras cidades brasileiras que tiveram essa oportunidade.
A concepção urbana de Brasília se sustenta em quatro escalas distintas: a Monumental, a Residencial, a Gregária e a Bucólica. Cada uma delas tem o tamanho do que representa e o volume e a extensão necessários ao seu uso.
Se serve ao poder, tem a dimensão monumental da Esplanada. Se acolhe os moradores, tem a dimensão das superquadras. Se reune a população seja para o lazer seja para a prestação de serviços, tem outro desenho.
A Escala Monumental é o que mais diferencia Brasilia de uma outra cidade. É a capital de um país e é isso que sua monumentalidade quer explicar.
A Escala Residencial se traduz nas superquadras, um jeito de morar que Lúcio Costa aprimorou a partir de outras experiências do urbanismo moderno até então . "Serenidade urbana assegurada pelo gabarito uniforme de seis pavimentos, o chão livre e acessível a todos através do uso generalizado dos pilotis e o franco predomínio do verde ... , escreveu o seu criador.
A Escala Gregária se concentra no centro da cidade, no Setor Comercial, Setor Bancário, Setor de Diversões, Setor Hoteleiro, sul e norte, todo o conjunto de setores destinados à prestacao de serviços e ao lazer da população.
A Escala Bucólica é a das "extensas áreas livres, a serem densamente arborizadas ou guardando a cobertura vegetal nativa, diretamente contíguas a áreas edificadas", escreveu o autor do projeto do Plano Piloto. Brasília é a cidade de maior proporção em área verde por número de habitantes do mundo (100m2 por habitante).
Brasília ainda não tinha nem 30 anos quando se candidatou e recebeu o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, da qual faziam (e fazem) parte obras milenares como as pirâmides do Egito; a Acrópole, em Atenas; os centros históricos de Roma e de São Petesburgo e a cidade de Cuzco, no Peru.
Passou, com louvor, nos dois testes exigidos pela Unesco para obtenção do reconhecimento. Brasília tinha de ser considerada obra-prima do gênio criativo humano e exemplo eminente de conjunto arquitetural que representasse período significativo da história.

Cambuís floridos na Asa Sul. Foto de Augusto Areal, tirada a partir do edifício do Banco Central, em 19/01/2018.



01 fevereiro 2018

CONTAS PÚBLICAS NO VERMELHO PELO QUARTO ANO CONSECUTIVO

Como era esperado, as contas do governo fecharam 2017, no vermelho pelo quarto ano consecutivo, com um rombo de R$ 124,4 bilhões, o que representa 1,9% do PIB.


Ao divulgar esses números, o governo logo os atribuiu, como responsável principal, os valores deficitários obtidos com a Previdência Social, o que não é assimilado pela maioria da sociedade brasileira. Corrobora pra isto, o resultado da CPI da Previdência, recém concluído e aprovado por unanimidade. Há muita desconfiança sobre a veracidade desses valores.

Nenhuma palavra, entretanto, sobre os subsídios concedidos por bancos oficiais que geram uma conta elevada para o contribuinte e aumentam a dívida pública. Esse custo em 2018 pode chegar a R$ 83,4 bilhões, segundo previsão do orçamento federal.

Grande parte parte do estoque dos subsídios creditícios é resultado da política adotada nos governos passados para a formação de "campeões nacionais", empresas que estão, hoje, no cerne dos escândalos de corrupção, investigadas pela operação Lava Jato.

Da mesma forma, especialistas apontam o equívoco fiscal de subsídios com a desoneração da folha de pagamentos, criado no governo Dilma Rousseff que atingiu cerca de 56 setores. 

Em 2018, de acordo com a Lei Orçamentária Anual (LOA), o conjunto de subsídios terá um custo de R$ 366 bilhões.

Não se ouviu também, nenhum mea culpa a má gestão da máquina pública e outras coisas mais, com a qual este governo esteve umbilicalmente envolvido ao longo dos últimos anos.

Nesse sentido, apenas para citar um respeitável valor, não custa lembrar que, em 2017, as negociações políticas para barrarem as duas denúncias contra o presidente da República podem ter alcançado cerca de R$ 32,1 bilhões, segundo publicou o uol.noticias.com.br .

Para completar, as torneiras continuam abertas, a começar pelo desembolso obrigatório para o Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), R$ 1,7 bilhão, somado as emendas parlamentares de deputados e senadores, recursos mandatórios superiores a $R 20 bilhões que, em ano eleitoral, irão servir de moeda de troca nos respectivos redutos eleitorais para obtenção de votos.

Esse quadro só irá se modificar quando a mudança de governo ocorrer, quiçá, né ! A duração da crise é a mesma da duração do governo, devido a sua falta de credibilidade e de capacidade de execução de qualquer proposta, política e/ou econômica, posta na mesa.

A saída da crise, portanto, está na mudança política e esta não se resume a troca do presidente. Com  um Congresso desmoralizado, partidos fracos e corruptos, líderes envelhecido e desacreditados, não será possível fazer a nação acreditar que mudança do presidente nos permitirá retornar à superfície do poço.

Bom, daqui a um ano temos apenas uma certeza, haverá uma mudança já confirmada: no título deste post, onde se ler quarto, será lido quinto.

Atualizado em 14/07/2018.