Translate

11 julho 2016

SOMOS REFÉNS

É comum se ouvir que a raiz do(s) problema(s) vivido(s) em nosso País parece estar em nós, os eleitores.

À queima-roupa respondemos que sim, pois é também comum se ouvir que em uma democracia o poder emana do povo e em seu nome será exercido.

Entretanto, no Brasil, os eleitores nunca mandaram em coisa alguma. Apenas são obrigados, periodicamente, a dançarem numa festa sem que participem da formatação de sua playlist.

Terminada a balada (eleições), os políticos agem como se a conquista do mandato fosse um salvo conduto para legislar e atuar em causa própria. E, a partir desse momento, não há limites para a corrupção. É um "tchau otários" para os eleitores e a corrida dos larápios com malas de dinheiro.

O sistema político-partidário brasileiro é vencido, obsoleto desde o seu nascimento, e é o maior responsável por toda a crise em que se encontra o País.

O Estado, constituído pelos poderes legislativo, executivo e judiciário, é preenchido por pessoas oriundas desse sistema. Portanto, sem a sua mudança nada poderá ser feito. E não estamos falando de sua organização, mas de como eles são ocupados.

Como os que estão nas cabines de poder, seus DJ's (oligarcas partidários e/ou corruptos), não querem alterar a playlist (não querem largar o poder), poderemos continuar nos aproximando de mais décadas, ou mesmo de séculos de atraso.

É esse o grau de disfuncionalidade de nosso sistema político e do domínio de ferro das oligarquias que se fazem presentes desde a Primeira República. Mudam os nomes, mas não mudam nem a lógica, nem a prática.

No Brasil, desde o seu descobrimento até hoje, o Estado sempre foi propriedade das elites econômico-financeiras e das corporações incrustadas no serviço público. Essa hegemonia passou praticamente incólume pelas transformações na sociedade e na economia brasileiras ao logo de todo o século XX e das duas décadas do século XXI.

Em sua recente passagem pelo Brasil, durante o evento Cidadão Global, Barack Obama reforçou a importância da democracia, que, em sua definição, “é a melhor forma de governo, mas é difícil e exige trabalho e engajamento”.

Sem dar soluções fáceis, ele defendeu que políticos velhos abram espaço para a participação de jovens no debate público. “A política sofre quando fica sempre com os mesmos líderes e não surge sangue novo.” 

No Brasil é pior, mudam os nomes mas a oligarquia permanece no poder.

Revisado em 04/03/2019.

04 julho 2016

CEM ANOS DEPOIS

Artigo no NYT (Brazil’s Olympic Catastrophe) relata que no Rio, a um mês do inicio das Olimpíadas, os policiais estão retirando os mendigos e os sem-teto das calçadas e arrastando-os para abrigos imundos, dando início a "limpeza" das ruas antes da chegada dos visitantes à Cidade Maravilhosa.

As expulsões ocorrem frequentemente com a ajuda de cães policiais e spray de pimenta, e às vezes cavalos. Há também relatos de que as crianças de rua são arbitrariamente colocadas em centros de detenção juvenil.

Repete-se, assim, o que ocorria no início do século XX por ocasião dos preparativos para a comemoração do primeiro centenário da independência do Brasil. Naquela época, os recolhidos eram encaminhados para Casas de Detenção e anotava-se nas justificativas: “presos porque não tinham teto e/ou perderam os pais”.

Passados quase cem anos daqueles episódios, o mundo, novamente, toma conhecimento de que operações similares voltaram a acontecer no País. Com certeza, podemos afirmar que iremos comemorar o bicentenário da independência com os mesmos problemas.

O governador estava certo. É uma calamidade.