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25 fevereiro 2016

ATÉ 2019 ?

No calendário podemos ver que o primeiro trimestre de 2016 ainda não se encerrou. Entretanto, para o Brasil, sob a ótica tanto econômica como política, o ano já acabou. Então, talvez seja mais adequado se dizer que ele nem começou e que 2015 foi/será prorrogado até 2018. 

As previsões de inflação alta, crédito restrito, recessão, elevação da relação dívida pública/PIB e aumento do desemprego se confirmaram. As três principais agências mundiais de classificação de riscos bateram o martelo e rebaixaram a nota de crédito do País colocando-o na faixa denominada de junk (lixo). A última delas, a Moody's, nesta quarta-feira (24/02).

Tal decisão não chegou a surpreender o mercado. Há semanas as análises financeiras publicadas já a considerava como inevitável. Era uma crônica de morte anunciada, diante da mais do que comprovada incompetência do governo de plantão.

Além dos aspectos econômicos, a Moody's, em seu comunicado, também se referiu a turbulência política vivida pelo País, apontando-a como séria dificuldade para que medidas necessárias à reversão da crise sejam implementadas.

Entretanto, o que está ruim poderá ficar pior. A perspectiva das três agências é negativa e, portanto, novos rebaixamentos poderão ocorrer ainda em 2016. 

Caso isso venha a acontecer, o Brasil irá precisar de cerca de uma década, após o inicio da retomada de seu crescimento, para recuperar as notas que o recolocará nas faixas de baixo risco de investimentos. Aviso este, repassado por diversos analistas financeiros ao tomarem conhecimento do comunicado da Moody's, tendo como base os resultados verificados em outros países que passaram por situações similares.

Esse quadro só irá se modificar quando a mudança de governo ocorrer. A duração da crise é a mesma da duração do governo, devido a sua falta de credibilidade e de capacidade para discussão-execução de qualquer proposta, política e/ou econômica, posta na mesa.

A saída da crise, portanto, está na mudança política e esta não se resume a troca da presidente. Com um Congresso desmoralizado, partidos fracos, líderes envelhecidos e desacreditados, não será possível fazer a nação acreditar que apenas a mudança da presidente nos permitirá retornar à superfície do poço.

Diante desse cenário, é imprescindível uma reforma do sistema político, em moldes parecidos com as sugestões contidas aqui, após a realização de eleições gerais, quiçá, até mesmo, através de uma nova Assembleia Constituinte.

24 fevereiro 2016

BALDE DE ÁGUA FRIA

A "história" contada, hoje (23/02), no programa eleitoral do partido dos trabalhadores, pelo seu maior líder, teve como música de fundo o ruído dos panelaços promovidos por milhões de brasileiros em todo o País e que, logo em seguida, sofreu o maior balde de água fria já visto na TV. E mais, para isto, não foi preciso mais do que um minuto de intervalo.

Em ambientes multimídia, fomos presenteados, simultaneamente, pela expressão popular: "A mentira tem perna curta" e/ou, para quem prefere Confúcio, "Uma imagem vale mais do que mil palavras". Ao vivo e em cores confira, abaixo, nas imagens do programa do PT e do Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão.



É triste, muito triste, enxergar que as pessoas mudam tanto para seguir um script para se manter no poder e faça deboche da população de seu próprio País.

O Brasil inteiro já conhece, o mundo também, que no palco dos políticos do PT, após mais de treze anos no poder, o saldo é de: péssimos serviços de educação, de transportes públicos, de saúde, de segurança, canteiros de obras inacabadas, dívidas, corrupção em níveis jamais vistos no País e MUITA MENTIRA.

16 fevereiro 2016

ONDAS GRAVITACIONAIS: LIÇÕES PARA O BRASIL

"É um sofrimento danado. É complicado ir almoçar com os colegas, o pessoal falando sobre ondas gravitacionais e você não poder contar a grande novidade."

Suponho que foi com grande emoção que o pesquisador Odylio Aguiar pronunciou essa frase, ao conceder entrevista à Folha de São Paulo, por ter participado do seleto grupo, com cerca de mil pesquisadores em todo o mundo, que observou, pela primeira vez, a detecção de ondas gravitacionais no universo, fenômeno previsto há mais de cem anos por Albert Einstein em sua famosa Teoria da Relatividade. Além de emoções, creio que sentidas igualmente por muitos brasileiros, a frase traz, também, lições para o Brasil.

Ao se ler o conteúdo do "raio-x" acadêmico do pesquisador Odylio, ou aqui no seu Currículo Lattes, percebe-se logo que ele é fruto da importância e da influencia que tiveram as duas instituições frequentadas por ele, no Brasil, para obtenção dos graus de graduação (ITA 1978) e de mestrado (INPE 1983).

Ambas têm origem em momentos singulares vividos pelo Brasil. Um deles surgiu logo após o término da segunda guerra mundial e o inicio da guerra fria, com a disputa nuclear e armamentista a todo o vapor, e que deu origem ao CNPq e ao ITA, sob as lideranças do Almirante Alvaro Alberto e do Marechal Casimiro Montenegro, respectivamente. O outro, com as mesmas motivações do primeiro,  foi provocado pela corrida espacial no final da década de 50, do século XX, que forçou o Brasil a observá-la na década de 60, culminando com a criação do INPE, em 1971.

Em todos esses momentos, o diferencial estava nas pessoas que se encontravam na liderança do conhecimento existente no País. Todos elas tinham consciência de que um povo só é soberano e livre se dominar o conhecimento cientifico e tecnológico. Sem ele, e num mundo cada vez mais globalizado, o País não será contado, plagiando Platão que disse certa vez: "um indivíduo que não sabe contar, ele próprio jamais será contado".

Foi muito bom ver o Brasil ser "contado". É muito bom ver o INPE constar na relação das 83 instituições de pesquisa participantes do projeto. Os pioneiros da década de 50, devem estar bastante felizes, pois alguns de seus discípulos aprenderam a contar, mesmo sem receberem, muitas vezes, o apoio e o reconhecimentos que lhes são devidos.

Para as lideranças vivas e para o País em geral, não necessariamente as do conhecimento, mas especialmente para as que governam o Brasil, que aprendam urgentemente a lição. Vejamos o porquê.

Neste momento, em sentido inverso ao exposto acima, toma-se conhecimento, diariamente, do desmonte que está ocorrendo nessas mesmas instituições e outras similares existentes no País.

Já passou da hora de se copiar os exemplos visíveis em várias partes do mundo. Frase como a pronunciada pelo Odylio só foi possível porque as principais instituições do projeto estão localizadas em países onde os orçamentos para a educação, ciência e tecnologia não podem ser reduzidos nem contingenciados.

No Brasil vem ocorrendo o contrário, conforme já mostramos aqui e aqui. A saída para o momento em que os recursos não podem ser ampliados deve ser o de se buscar o aperfeiçoamento da gestão daqueles já existentes, tendo como base um processo seletivo por mérito e por custo/benefício de suas atividades e não a simples e burocrática eliminação dos já escassos recursos, como vem sendo noticiado.


10 fevereiro 2016

MITOS POPULARES

Em notícia divulgada no final do ano passado, o Brasil tomou conhecimento da reconciliação ocorrida entre o Vaticano e o Padre Cícero.

O Padim Ciço, como é mais conhecido nos sertões do nordeste brasileiro, mais cedo ou mais tarde será beatificado. "Agora, abre-se um novo espaço para  encaminhamento dos vários graus até chegar a beatificação ou, quem sabe, até a canonização do nosso Padre Cícero", disse o padre Gilson Soares, assessor de comunicação da CNBB.

O Padre Cícero está entre aqueles considerados como mitos populares ao longo da história recente do Brasil.  Em comum, todos eles tiveram a capacidade de reunir em torno de si fiéis e fanáticos, oriundos das mais diversas camadas da sociedade brasileira e até do exterior.

Essa notícia me fez recordar uma outra que reproduzo a seguir: "Eta! Não pode fazer assim com o coitado!" O doutor pisa no freio da caminhonete ao ver a imagem decapitada do Padre Cícero na beira da estrada no sertão paraibano, próxima à cidade de Patos. O doutor é nada mais nada menos do que o bilionário francês Pierre Landolt, herdeiro e administrador de uma das maiores fortunas familiares do mundo, de acordo com a revista Forbes, mas que, desde 1974, resolveu dedicar uma parte de seu tempo, vivendo e trabalhando no sertão da Paraíba. Confira a história completa aqui, na matéria publicada pela revista Exame.

Além do Padre Cícero, outros nomes também estão sendo lembrados pelos historiadores brasileiros, tanto na produção de livros como na de filmes.

É o caso de Antonio Conselheiro, figura carismática que adquiriu uma dimensão messiânica ao liderar o arraial de Canudos, e de Virgulino Ferreira da Silva, o cangaceiro Lampião. Entretanto, segundo Lira Neto, a aura de heroismo que durante algum tempo tentou-se atribuir aos cangaceiros está cedendo terreno para uma interpretação menos idealizada do fenômeno. Não faz mais sentido cultuar o mito de um Lampião idealista, um revolucionário primitivo, insurgente contra a opressão do latifúndio e a injustiça do sertão nordestino.

No campo político, algo semelhante tem ocorrido. Refiro-me, principalmente, aos ex-presidentes da República Getúlio Vargas e Lula, ambos populistas.

O primeiro é citado e relembrado com o mesmo entusiasmo vivido na época de sua trágica morte. Ele chegou ao Catete em dois momentos e dele saiu, pela última vez, para ir repousar definitivamente em sua terra natal carregado nos braços do povo.

Já o segundo, parece que não terá a mesma sorte do primeiro. Embora já tenha chegado ao Palácio do Planalto por duas vezes, seu desejo de novamente ocupar a cadeira presidencial não será concretizado.

Até onde podemos constatar, neste momento, mesmo sem que as operações e as investigações levadas a cabo pela Policia Federal e pelo Ministério Público tenham sido concluídas, é que o ex-presidente já está no purgatório, pagando pelos seus pecados, e os brasileiros com a certeza de que o seu destino final não será o céu.

02 fevereiro 2016

SEM REESTREIA

Depois de quase dois meses em marcha lenta, esta semana se iniciou com o retorno das atividades plenas nos três poderes da República sediados em Brasilia.  

As palavras contidas nos discursos proferidos durante as solenidades ocorridas nos salões dos respectivos poderes, demonstraram que os responsáveis pela condução dos destinos da Nação, compreendem mal a natureza e a dimensão do atual momento vivido pelo Brasil e nenhum deles assumiu e/ou pediu desculpas por essa situação.

Também não se ouviu um discurso novo, especialmente o do executivo em sua mensagem ao Congresso Nacional, lida pela própria presidente. Na pauta, os assuntos são os mesmos do final do ano passado. Como já dissemos aqui, confirma-se, assim, que 2016 é uma prorrogação de 2015.

Mas será mais do mesmo ? Não. Embora os temas não tenham sido modificados, todos eles, a crise econômica, a política e a ética estão em situações piores do que há um ano se encontravam. Em aditamento, para piorar esse quadro, surgiram as consequencias nefastas da propagação das doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti.

A revista britânica "The Economist", desta semana, na matéria em que afirma que o Brasil é uma festa à beira do precipício, numa alusão ao período carnavalesco, avalia os indicadores econômicos como catastróficos, na área política aponta que o impeachment continuará na pauta do Congresso e já cita a epidemia do zica vírus como uma crise social de dimensão extensamente dramática.

Em pleno século XXI, depois de mais de 500 anos de seu descobrimento e de quase dois séculos de sua independência, ouve-se com muita tristeza, os discursos citados acima e histórias sobre brasileiros que emigram ou pensam em abandonar o nosso País. Que sina a nossa, um País que estava a um passo de por um pé no primeiro mundo, retornou aos anos 80.